Câncer que matou jovem 4 meses após casamento atinge 17 mil mulheres
Vacina contra HPV e exame preventivo Papanicolau poderiam evitar milhares de casos como o de Vanessa Nascimento, que morreu aos 28 anos
O câncer do colo do útero, que vitimou Vanessa do Nascimento, de 28 anos, jovem que realizou o sonho de se casar no Hospital de Base do Distrito Federal em fevereiro, ainda afeta milhares de mulheres no Brasil. A cada ano, são mais de 17 mil novos casos da doença, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) dos últimos três anos. Isso significa que, a cada 100 mil mulheres, 15 acabam recebendo esse diagnóstico.
O câncer do colo do útero é causado principalmente pelo vírus HPV, transmitido na maioria das vezes por contato sexual. A boa notícia, segundo Rayane Cardoso, cirurgiã oncológica do Hospital Sírio-Libanês de Brasília, é que existem formas eficientes de prevenção. “É muito importante reforçar que este é um câncer prevenível, principalmente por meio da vacinação contra o HPV e do exame preventivo regular, o Papanicolau. Essas são as nossas principais armas na luta contra esse câncer, e quanto mais falamos sobre isso, mais vidas conseguimos salvar”, destaca.
Rayane também lembra que a vacina está disponível gratuitamente no SUS para meninos e meninas a partir dos 9 anos. “Fora dessa faixa etária, a orientação é buscar a vacina na rede privada, onde usamos a versão nonavalente, que protege contra um número maior de sorotipos do HPV, tanto os que causam câncer quanto os que causam verrugas genitais”, pontua.
Ela também explica que, diferentemente do que muita gente imagina, esse câncer não é algo que se “pega” pelo sexo. No entanto, existe um vírus transmitido principalmente nas relações sexuais — seja vaginal, anal ou oral — que pode, sim, levar ao desenvolvimento de alguns tipos de câncer. “Trata-se do HPV (Papilomavírus Humano), uma infecção extremamente comum. Na maioria dos casos, o próprio organismo elimina o vírus sem causar problemas. No entanto, quando a infecção persiste, ela pode provocar alterações nas células, que, ao longo dos anos, podem evoluir para câncer. O HPV está diretamente ligado ao desenvolvimento do câncer do colo do útero, além de estar associado também aos cânceres de pênis, ânus, boca e garganta”, detalha.
O diagnóstico precoce faz toda a diferença no prognóstico da paciente. “Na fase inicial, conseguimos realizar tratamentos locais, como a conização ou cirurgias menos agressivas. Isso é muito importante, pois conseguimos manter a qualidade de vida da paciente e, dependendo do caso, preservar inclusive a chance de gestação”, afirma a médica.
Arte/Metrópoles
Entretanto, mesmo sendo prevenível, ainda mata muita gente. Só em 2022, quase 7 mil mulheres morreram por causa da doença no país. O risco é ainda maior em algumas regiões. No Amazonas, por exemplo, a taxa de mortes é três vezes maior do que no Sudeste do país.
Por outro lado, o DF tem uma das melhores taxas de prevenção do país. No ano passado, foram feitos mais de 82 mil exames preventivos, e 87% das mulheres na faixa certa de idade (de 25 a 64 anos) fizeram o exame.