“Tenho uma história marcada pela violência”, diz Luiza Brunet Ícone da defesa das mulheres, ex-modelo conta sua história no painel sobre direitos fundamentais e cobra mais educação para combater feminicídios no Brasil e no mundo
Ícone da defesa das mulheres, ex-modelo conta sua história no painel sobre direitos fundamentais e cobra mais educação para combater feminicídios no Brasil e no mundo
Luiza Brunet virou ícone da defesa das mulheres vítimas de violência doméstica. A ex-modelo e atriz tornou-se uma ativista da causa depois que sofreu, em 2016, uma grave agressão praticada pelo então marido no apartamento do casal em Nova York. Denunciou socos e chutes. Sofreu fratura em costelas e levou um soco no olho.
Com toda essa violência, Luiza ainda teve de provar na Justiça, com laudos médicos,
Desde então, ela tem viajado e participado de debates e conferências sobre o tema, como o que ela confirmou presença em Portugal, no XIII Fórum de Lisboa. Luiza foi escalada para contar a própria história no painel Direitos Fundamentais e Direitos de Minorias.
O evento reúne mais de duas mil pessoas que acompanham desde esta quarta-feira os debates com foco no tema “O mundo em transformação – Direito, Democracia e Sustentabilidade na Era Inteligente”.
Até 4 de julho, mais de 400 palestrantes, incluindo autoridades públicas, acadêmicos, representantes do setor privado e da sociedade civil do Brasil, Portugal e Estados Unidos, integram 60 painéis de alto nível.
Entre os convidados, ministros de tribunais superiores, políticos, juristas, advogados e membros do Ministério Público estarão presentes no evento idealizado pelo ministro Gilmar Mendes, com organização do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa(IDP), pelo Lisbon Public Law Research Centre (LPL) da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e pelo Centro de Inovação, Administração e Pesquisa do Judiciário – FGV Justiça (FGV).
Você está participando do XIII Fórum de Lisboa, em um debate sobre a violência doméstica. Que contribuição você pode dar para esse painel, que trata de temas tão contemporâneos e desafiadores para a sociedade?
Acho que é um tema extremamente importante porque vemos que os números de feminicídios e de violências contra as mulheres cresceram demais, tanto no Brasil quanto no mundo inteiro. É um tema que já é debatido, já está em pauta, mas, mesmo assim, os casos continuam aumentando. Por isso, é essencial que a gente fale sobre isso em fóruns desse porte, para que as pessoas tenham mais informação sobre seus direitos fundamentais e para que consigam sair desse ciclo da violência doméstica o mais rápido possível.
que foi espancada pelo homem com quem vivia. Vencido o medo de denunciar, a ex-modelo passou a incentivar as mulheres a seguirem o mesmo caminho: não deixar de procurar ajuda e registrar ocorrência.
Desde então, ela tem viajado e participado de debates e conferências sobre o tema, como o que ela confirmou presença em Portugal, no XIII Fórum de Lisboa. Luiza foi escalada para contar a própria história no painel Direitos Fundamentais e Direitos de Minorias.
O evento reúne mais de duas mil pessoas que acompanham desde esta quarta-feira os debates com foco no tema “O mundo em transformação – Direito, Democracia e Sustentabilidade na Era Inteligente”.
Até 4 de julho, mais de 400 palestrantes, incluindo autoridades públicas, acadêmicos, representantes do setor privado e da sociedade civil do Brasil, Portugal e Estados Unidos, integram 60 painéis de alto nível.
Entre os convidados, ministros de tribunais superiores, políticos, juristas, advogados e membros do Ministério Público estarão presentes no evento idealizado pelo ministro Gilmar Mendes, com organização do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa(IDP), pelo Lisbon Public Law Research Centre (LPL) da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e pelo Centro de Inovação, Administração e Pesquisa do Judiciário – FGV Justiça (FGV).
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Você está participando do XIII Fórum de Lisboa, em um debate sobre a violência doméstica. Que contribuição você pode dar para esse painel, que trata de temas tão contemporâneos e desafiadores para a sociedade?
Acho que é um tema extremamente importante porque vemos que os números de feminicídios e de violências contra as mulheres cresceram demais, tanto no Brasil quanto no mundo inteiro. É um tema que já é debatido, já está em pauta, mas, mesmo assim, os casos continuam aumentando. Por isso, é essencial que a gente fale sobre isso em fóruns desse porte, para que as pessoas tenham mais informação sobre seus direitos fundamentais e para que consigam sair desse ciclo da violência doméstica o mais rápido possível.
Por que, na sua opinião, a violência está crescendo no Brasil, apesar de tantos debates e campanhas contra o feminicídio? Ainda assim, vemos os números aumentando.
Pois é. Eu acho que há dois fatores principais: o primeiro é que a mulher denuncia mais, e isso muitas vezes gera retaliação por parte de seus companheiros. O segundo é que a informação também incomoda os homens. Por isso, precisamos cuidar da questão da educação, para que, desde pequenos, os meninos entendam que agredir uma mulher é crime. Essa retaliação que sofremos por exercer nosso lugar de fala e por lutar pelos nossos direitos — seja na justiça, na política ou no ambiente de trabalho — acontece de forma cruel.
Você tem participado de vários debates e feito palestras aqui na Europa. Você acredita que se tornou um ícone da defesa da mulher?
Acho que estou em um momento muito especial. Tenho uma história marcada pela violência desde muito cedo — violência assistida, abuso sexual infantil aos 11 anos, além de várias dificuldades enfrentadas na carreira de modelo. A visibilidade que conquistei com o tempo, aliada à violência que sofri no meu último relacionamento, me deram força para compartilhar minha história. Isso me fez sentir, na pele, o que muitas mulheres sentem. E me permite dizer às que ainda não passaram por isso que é muito triste viver uma violência — seja quando se é adulta, seja quando se é criança.
Você é uma pessoa conhecida, famosa, admirada. Mesmo com esse perfil, foi difícil denunciar a violência que você sofreu?
Com certeza. Para qualquer mulher, romper o silêncio e compartilhar sua história é muito difícil. Fazer uma denúncia em uma delegacia e passar por todo um processo judicial é extremamente desafiador. Eu me solidarizo com todas essas mulheres. O meu papel, como mulher e como vítima, na sociedade civil é encorajar que elas denunciem e não desistam no meio do caminho. Elas não devem desistir jamais de fazer com que o agressor seja punido. Se ela desistir, ele vai continuar agindo da mesma forma. Mas, quando fazemos o que está ao nosso alcance — por meio da denúncia —, esse agressor aprende que pode ser preso, porque hoje existe um crime tipificado na Lei Maria da Penha. Infelizmente, a violência destrói uma família. E, com certeza, a sociedade também é atingida.
E hoje, você está totalmente recuperada do que sofreu?
A gente vai tentando fazer com que as coisas se acomodem. Uma das consequências da violência é que você passa a ser mais criteriosa ao conhecer pessoas e a se abrir para novos relacionamentos. Isso leva tempo. Mas o trabalho que faço hoje me deixa muito feliz e tem ocupado bastante do meu tempo. Portanto, estou sozinha e estou muito feliz comigo mesma.